segunda-feira, 25 de junho de 2012



Reflexões Sobre Meu Projeto Interdisciplinar


A disciplina Projeto Interdisciplinar de Ensino e Aprendizagem 2 nos proporcionou momentos de estudo, desenvolvimento e elaboração de projetos interdisciplinares a serem aplicados no contexto escolar. No entanto, tivemos a oportunidade de criar um projeto que fosse acrescentar positivamente no aprendizado dos estudantes, com conteúdos teóricos trabalhados na interdisciplinaridade, e também, com a produção de obras nas mais variadas técnicas artísticas, contribuindo assim, para o desenvolvimento da criatividade, da percepção, visão crítica e reflexiva do individuo.
Meu projeto compreendeu as disciplinas de historia e artes, onde preparei aulas voltadas a temas interdisciplinares, envolvendo ambas as áreas, tanto de um aspecto teórico quanto na prática. Portanto, o tema do meu projeto foi Expressando a lenda folclórica regional do boto cor-de-rosa através da técnica assemblage”. Este projeto foi dirigido aos estudantes do ensino médio, sendo realizado na turma do 1º ano I, da Escola Estadual de Ensino Médio Dom Julio Mattioli.
Entretanto, escolhi as disciplinas de historia e arte por terem uma ligação interdisciplinar, mesmo sendo áreas diferentes, nos oportuniza abordar o mesmo assunto e assim explorá-lo, todavia, uma contribuindo para a essência da outra, e assim, oferecendo conteúdos que podem ser tratados em tais. Portanto, foquei em nosso folclore brasileiro regional, especificamente na Lenda do Boto Cor-de-Rosa, devido pensar na essência de conhecermos ainda mais sobre nossa própria cultura, sobre uma lenda que faz parte de nossa identidade cultural, assim, desenvolvi este projeto com a perspectiva de que os estudantes pudessem conhecer e refletir sobre seus valores culturais, e ainda, analisar esse tema folclórico que envolve fatos reais e históricos com acontecimentos criados pela fantasia de um povo, e consequentemente, poderiam trabalhá-los artisticamente através da linguagem assemblage.
Este projeto foi desenvolvido em duas aulas, onde no dia 31 de maio realizamos a 1ª aula, aplicando todo o conteúdo teórico, ou seja, todo o material pedagógico desenvolvido no decorrer da disciplina PIEA2. No entanto, tratamos sobre o folclore brasileiro, fazendo uma analise sobre nossa cultura popular, precisamente a Lenda Regional do Boto Cor-de-Rosa, que é uma lenda típica da região amazônica. Tivemos ainda a apresentação da linguagem assemblage, dois artistas conhecidos por seus trabalhos neste campo, e também, uma obra que produzi inspirada nessa lenda, envolvendo elementos que pode-se encontrar nessa estória.
Já no dia 14 de junho realizamos a 2ª aula, onde foram apresentadas as obras em assemblagens criadas pelos alunos, sendo que estes a produziram inspirados em temas de sua própria cultura, como a praça 25 de Setembro, o futebol brasileiro e mais. Sendo que nessas obras foram utilizados diversos objetos encontrados no dia-a-dia, entre eles tecido, papel, isopor, madeira e outros.
Contudo, afirmo que a disciplina PIEA2 foi fundamental, pois nos auxiliou a desenvolver projetos relacionados à interdisciplinaridade, nos orientando a criar projetos que estejam ligados ao ensino da arte e fortalecidos com as técnicas artísticas. Portanto, foi uma experiência educacional enriquecedora para todas as partes, onde a proposta do projeto foi considerável e os resultados da obra refletiram em uma aprendizagem satisfatória. Por fim, compreendo que este projeto foi fundamental, sendo uma experiência produtiva e que serve de alicerce para o crescimento do aprendizado de ambas as partes, favorecendo também, em nossa formação profissional em arte-educação.

Registro Visual:

 
Aplicação do conteúdo teórico.

Assemblage inspirada na Lenda do Boto Cor-de-Rosa.
Aula para a apresentação das obras em assemblage.


 Assemblage produzida pelos estudantes.

Assemblage produzida pelos estudantes.
Assemblage produzida pelos estudantes.

domingo, 24 de junho de 2012



Exposição dos Projetos Interdisciplinares

Realizamos no CEDUP, no dia 13 de junho de 2012, quarta-feira, a partir das 19h00min, uma Exposição dos Projetos Interdisciplinares, com/entre os discentes de Artes Visuais, para que conhecêssemos as matérias interdisciplinares, os objetivos do projeto, seu público alvo, as metodologias e técnica artística utilizada, enfim, as propostas e o material pedagógico que o colega utilizou para aplicar o projeto em sala de aula.
Foi importante conhecermos os projetos uns dos outros, pois tivemos a oportunidade de nos comunicar, conhecer os diversos projetos interdisciplinares que foram elaborados, entre muitos tivemos: Festa Junina _ Síntese de uma mistura cultural, Projeto Literatura e Arte: Expressando a poesia através da pintura, Arte cultura (lendas folclóricas da região acreana) e outros.
Contudo, foi essencial nos reunirmos para falarmos de nossas conquistas, dos resultados obtidos, das dificuldades e superações que passamos, e ainda, das estratégias que tivemos que empregar para que os alunos viessem participar, por fim, foram informações que contribuíram positivamente para nosso aprendizado, sendo projetos estudados e planejados com qualidade e compromisso com o conhecimento dos indivíduos.

Registro da Exposição: 












sábado, 23 de junho de 2012



Execução do Projeto - II Aula.
 
Já no dia 14 de junho de 2012 realizou-se a segunda aula do projeto, com inicio as 17h05min e término às 17h55min. Portanto, devido já termos trabalhado com o conteúdo teórico, nesta iríamos apenas apresentar as obras, expressando seu titulo, os materiais escolhidos, e os resultados de suas obras em assemblage, já que na aula anterior já havíamos iniciado a parte prática, porém, devido ao feriado, os alunos deram continuidade em suas casas.
No entanto, devido na primeira aula terem faltado alguns alunos, tive que explicar resumidamente sobre o que havíamos estudado na aula anterior, o objetivo do projeto, como também, falar sobre a linguagem assemblage, assim, tornando conhecível para aqueles que não estiveram presentes e reforçando para os que tiveram a oportunidade de conhecer e apreciar uma produção em assemblage. Todavia, os alunos estariam mostrando aos demais, o que haviam produzido e dariam a chance para que os colegas observassem obras criadas nessa técnica artística.
Após as explicações, e conforme havíamos planejado na aula anterior, foram formados grupos, sendo eles A, B e C, onde estes tiveram que realizar uma obra, escolhendo seu respectivo tema e assim, trabalhá-lo artisticamente através da linguagem assemblage. Ademais, foram realizadas três obras nessa linguagem, sendo uma delas criada com base a nossa própria cultura, inspirada na principal Praça de Sena Madureira-Acre, sendo ela a Praça 25 de Setembro, localizada no Centro da cidade, sendo que os materiais em destaque foram isopor, palitos para limpeza dental, tinta guache e papel crepom. Nessa produção encontramos alguns elementos existentes na praça, entre eles o coreto, a quadra poliesportiva, banquinhos, árvores, enfim, que dão vivacidade e harmonia aquele lugar, e consequentemente na obra.
Já na obra do grupo B, estes usaram sua criatividade para desenvolver uma obra inspirada em nosso futebol brasileiro, onde o time do Brasil era seu tema, assim, os alunos expressaram por meio desta, um tema que destaca sobre sua própria cultura, que afinal, somos conhecidos como o País do futebol, que conta com o apoio dos inúmeros jogadores criativos, irreverentes, batalhadores e campeões. Portanto, o grupo manifestou na obra uma bandeira do Brasil produzida com tecidos, um boneco vestido de azul e amarelo e chuteiras, representando os jogadores, e também, uma bola no pé, feita de isopor, no mais, fizeram algumas colagens com imagens, entre elas de uma rede de futebol, da bandeira do Acre e com os jogadores do Brasil em campo, enfim, ficando uma obra bem expressiva.
Por fim, o grupo C, criou uma assemblage em uma caixa preta, representando uma pescaria, porém, os peixes eram notas de 100,00 R$. Assim, os alunos produziram sua obra com imagens de um homem pescando no mar, e ao puxar, vinham notas de 100,00 R$, sendo que essas cédulas brasileiras são representadas pelo peixe Garoupa. Nessa produção, encontramos alguns objetos como esponja, papel A4 reciclado, imagens impressas e linhas. Contudo, acredito que os alunos compreenderam sobre essa técnica artística, onde puderam conhecer e analisá-la, e sequencialmente, desenvolver com a prática a sua própria obra, assim, criando intimidade com essa linguagem, trabalhando temas e introduzindo objetos encontrados em seu dia-a-dia, sendo que inúmeros objetos podem fazer justaposição da obra e assim, constituí-la.
Gostaria de destacar a parte em que um aluno ao apresentar sua obra, pediu a palavra por alguns minutos, e assim, conversou com os demais alunos falando sobre o trabalho em grupo, a ajuda coletiva, relatando que todos os integrantes devem contribuir com os demais para que haja uma concordância, e assim, um bom e agradável resultado para o grupo, onde todos possam ficar satisfeitos. Ainda alertou aos demais alunos a terem compromisso na sala de aula, para que eles viessem a ser responsáveis e realizar seus trabalhos, pois tudo aquilo que era estudado, estaria acrescentado em seu aprendizado, seria essencial para seu conhecimento. Por fim, agradeceu a oportunidade e disse que as aulas foram importantes, onde eles puderam conhecer um pouco mais de sua cultura, uma lenda que faz parte de sua identidade cultural, como também, sendo um prazer conhecer e produzir uma obra em assemblage.

Registro Visual da Parte Prática do Projeto: 











 Execução do Projeto - I Aula 

A execução do Projeto Interdisciplinar de História e Arte: Expressando a lenda folclórica regional do boto cor-de-rosa através da técnica assemblage, realizou-se no dia 31/05/2012, na Escola Estadual de Ensino Médio Dom Julio Mattioli, com os alunos do 1º ano I, contendo aproximadamente 40 alunos, portanto, teve inicio a partir das 17h05min até as 17h55min.
Antes de esta em sala de aula, foi necessário explicar a proposta e objetivos deste projeto para a coordenadora pedagógica, onde esta pediu uma copia do projeto para que pudesse analisá-la, achei super importante, pois a escola esta compromissada com o aprendizado do aluno. Assim, me concederam a oportunidade de esta aplicando este, ao público desta instituição de ensino. Ademais, tive o privilégio de realizá-lo na turma do professor e colega de curso Samyk Farias, que leciona a disciplina de Artes nesta referida escola, assim, pude contar com seu apoio na disponibilidade da turma e para que meu projeto fosse executado com os alunos do ensino médio, que era meu público alvo.
Entretanto, o professor fez uma pequena apresentação e me auxiliou na arrumação dos materiais tecnológicos como o data show e notbook, já que seria indispensável para que o conteúdo teórico fosse apresentado à turma.  Portanto, após a arrumação da sala e dos materiais, fiz minha apresentação, me identificando e também, falando sobre o projeto interdisciplinar, juntamente com seus objetivos, propostas e motivação, como também, relatei brevemente sobre alguns pontos que iríamos estudar, apresentando assim, o material pedagógico que havia preparado para estes.
Ademais, iniciei o conteúdo de acordo com o que estava preparado, relatando sobre o termo folclore, quem o criou e seu significado, sendo ele conhecimento popular ou sabedoria de um povo, como também, destacando o que faz parte do folclore. Sendo o folclore o conjunto de tradições, superstições, crenças e mais, de um povo, destacando-se entre os costumes as brincadeiras, vestimentas, mitos, lendas e outros.
Porém, o assunto em destaque dentro do nosso folclore brasileiro era sobre lendas regional, especificamente a Lenda do boto cor-de-rosa. No entanto, enquanto estudávamos sobre o assunto, falamos sobre as inúmeras lendas da nossa região amazônica, onde os alunos citaram algumas conhecidas como a Lenda da Rasga Mortalha e a do Caboclinho da Mata, muito conhecida dentro da nossa sociedade, assim, relataram algumas estórias contadas por seus pais e tios, que tiveram um encontro com este na mata, onde foram surrados devido ao caçar, terem matado vários animais. A turma estava bem atenciosa e empolgada enquanto o outro colega contava o que já tinha ouvido sobre tais lendas de nossa região.
Muitas são elas, mas para este projeto escolhi expressar a Lenda do Boto cor-de-rosa, e foi essencial trabalhá-la com a turma, sendo interessante o momento em que a contava oralmente, pois os alunos ficavam ansiosos, atencionados na estória, fazendo perguntas sobre esta, como exemplo, se realmente existia boto cor-de-rosa,  se aquilo era mesmo fantasia ou realidade contado por nossos avós e gerações anteriores, enfim, conhecendo sobre esta lenda e os mistérios do boto. Naquele momento, houve uma socialização, onde os alunos debateram o conteúdo, falando de alguns mistérios que já conheciam, entre muitos citaram o de que o boto protege mulheres grávidas.
Alguns dos alunos não sabiam que muitas são as lendas regionais amazônicas, contadas por nossos ribeirinhos, e que estas fortalecem nossa identidade cultural, já que são de origem acreana. Ao conhecerem que em épocas atrás essa lenda do boto foi utilizada para justificativa de mulheres solteiras que apareciam grávidas, questionaram sobre a ousadia e esperteza das mulheres da época e da credulidade dos pais e familiares quanto à sedução de um boto. Os estudantes estavam bem comunicativos, onde desde então podemos contar com a participação destes, desde a leitura do conteúdo, sendo um método que utilizei para que estes viessem participar da aula e dar atenção no conteúdo tratado.
Foi feita uma ilustração com imagens do boto cor-de-rosa, e também, com imagens fictícias da lenda do boto, assim, foram respondidas as perguntas destes também através das imagens, onde estes conheceram um registro de um boto real que vive nas águas doces, e outras ilustrações como uma figura popular do folclore amazônico.
Contudo, utilizei como poética artística a assemblage, assim, essa linguagem foi apresentada aos alunos, onde conheceram que esta técnica que é baseada no princípio que todo e qualquer material pode ser incorporado a uma obra de arte, sendo objetos que muitas das vezes são descartados por muitos, mas que ao ser expresso na obra, dá um sentido particular a esta, além do mais, entre os muitos objetos que podemos utilizar apresentei o papel, a cola, plásticos, arames, borrachas ou plásticos, enfim, aqueles que fossem mais acessíveis aos alunos.
Em sequência, foi apresentado aos alunos dois artistas que trabalham com essa linguagem, sendo o brasileiro Farnese de Andrade Neto e a americana Bety Irene Saar. Foi disponível ainda dentro do material didático, uma das principais obras desses artistas, sendo criadas com objetos descartados e colhidos no dia-a-adia e baseados em temas comuns e bem significantes de sua própria vida, que dão todo sentido a essas obras. Portanto, estas foram mostradas aos alunos, para que os eles conhecessem obras em assemblage, já que essa técnica é pouco conhecida dentro do município de Sena Madureira-Acre.
            Para finalizar o assunto, apresentei para os mesmos, uma obra criada por mim, inspirada em nossa lenda regional do boto, onde foi expresso alguns dos elementos que encontramos nessa lenda, com festas juninas, a dança, o rio, o boto e seu processo de transformação, homem vestido todo de branco, a moçinha e outras. Todavia, os alunos gostaram bastante da obra, aproximando-se e analisando tanto a produção, que foi criada em cima deste tema, quanto os objetos que foram utilizados, assim, compreenderam que com criatividade pode-se transformar simples objetos em grandes produções artísticas. Para finalizar, ao compreenderem que podemos criar uma obra de acordo com um tema escolhido, um tema pessoal ou até mesmo buscado em seu cotidiano, em seu meio cultural, estes ficaram felizes, comentando sobre a criação de suas obras, do que pretendiam produzir, inspirando-se em temas que estão ligados ao seu dia, entre eles jogo de futebol, facebook e outros.
             Fui bem aceita na sala, os alunos gostaram do conteúdo e por falta de tempo, a execução prática ficou para próxima aula. No entanto, após explicar sobre a execução prática do projeto, onde os alunos teriam que criar uma obra em assemblage, estes gostaram da idéia, e preferiram dar inicio em suas casas, para que pudessem analisar o que iriam desenvolver e logo criar, porém, quando foi para dividir grupos, foi necessário ser flexível, pois os alunos preferem escolher seus integrantes, já que isto é rotineiro na disciplina de artes e também nas demais. Portando, indiquei que estes fizessem acesso em sites seguros, conhecendo novas obras em assemblage, para que lhe ajudasse durante a manifestação da sua.
Neste dia haviam faltado alguns alunos por diferentes motivos, e isso foi lamentável, pois não puderam conhecer um pouco do seu próprio contexto, de uma estória que faz parte de sua cultura. Contudo, devido a aula acontecer somente uma vez na semana e no tempo de 50 minutos, acredito que o tempo não foi tão a favor, mas mesmo assim, foi apresentado toda a parte teórica a estes e vejo que esta aula teve resultado positivo, onde os alunos interagiram, questionaram, trocaram experiências, enfim, conheceram a linguagem  assemblage e, consequentemente, desenvolverão obras nessa técnica artística. 

Registro Visual da Execução do Projeto: 





 








sexta-feira, 15 de junho de 2012



Material Pedagógico Aplicado no Projeto Interdisciplinar de História e Arte.

 Um pouco de Folclore:

            O termo folclore foi criado por um pesquisador de cultura europeia, William John Thoms, publicando um artigo em 1846 com titulo Folk-lore. A palavra folclore surgiu a partir dos vocábulos “folk” que significa povo, e “lore”, que significa conhecimento/saber, portanto, este termo tem como significado conhecimento/saber popular ou sabedoria de um povo.
            Florestan Fernandes, em seu texto “O Folclore em Questão", discorre que “o folclore propunha estudar os modos de ser, de pensar e de agir peculiares ao “povo”, por meio de fatos de natureza ergológica”, e que também, são preservados pela tradição de uma cultura. No entanto, o folclore é o conjunto dos costumes, das crenças, tradições, superstições, etc., de um povo, onde são repassados para todas as gerações. Todavia, os mitos, lendas, provérbios, linguagem, vestimentas, brincadeiras, adivinhas, trava-línguas, orações e entre muitos outros, que fazem parte dos costumes de uma sociedade regada com sua cultura.
            Contudo, o folclore contribui para a identidade de um povo, onde estes compreendem seu mundo, ou seja, sua cultura e atribuições em que vive. Enfim, compreende-se que todas as modalidades existentes e diferentes desenvolvidas dentro de uma cultura, só podem ser realmente explicados através da própria cultura.
O folclore pode ser dividido tanto em lendas quanto em mitos. Entretanto, as lendas são estórias contadas pelas pessoas, misturando fatos reais e históricos, com acontecimentos criados pela fantasia. Portanto, através das lendas, explica-se os acontecimentos misteriosos e sobrenaturais ocorridos numa sociedade, assim, sendo transmitidas principalmente de forma oral, de tempos em tempos e de geração para geração.
            Muitas são as lendas do folclore brasileiro, entre elas as mais conhecidas são: lenda do lobisomem, do Saci-Pererê, Caboclinho da Mata, Boto cor-de-rosa, Rasga Mortalha, Curupira, Boitatá, e entre muitas outras. No entanto, nenhuma delas são comprovadas cientificamente, mas muitas delas são frutos da imaginação das pessoas que a criaram, principalmente dos moradores do interior do Brasil, assim, sendo inventadas para transmitir mensagens importantes, como a do Caboclinho da mata, que não aceita desperdícios ou maus tratos com a natureza, surrando e castigando aos que desobedecem,  todavia, são  criadas ainda, com intenção somente de assustar as pessoas.
            Portanto, escolhi abordar a lenda folclórica brasileira, em especial, a lenda do boto cor-de-rosa, por ser uma lenda típica da região amazônica, e ainda, por ser uma lenda muito conhecida e contada dentro de nossa sociedade, ademais, sendo uma lenda que faz parte da nossa identidade cultural. São muitas as estórias que se contam sobre o boto, os mistérios relacionados a este, fala-se que o boto não gosta de ser vaiado, e que a pessoa que atira em um boto fica com remorso como que se tivesse atirado em uma pessoa muito amada, enfim, dentre muitas outras que podem ser identificadas dentro de nossa cultura popular.

A lenda do boto cor-de-rosa:

            O boto cor de rosa é um famoso mamífero aquático que habita nas águas doces das bacias amazônicas, sendo muito semelhante aos golfinhos, que vive nas águas salgadas do mar. No mais, muito popular na Região Norte do Brasil, a lenda do “boto cor de rosa” é mais uma crença que o povo ribeirinho da Amazônia costumava contar, passando de geração para geração.
            Portanto, diz a lenda que durante as festas juninas, em noites de lua cheia,  quando são comemorados os aniversários de São João, Santo Antonio e São Pedro, a população ribeirinha da região amazônica celebra estas festas dançando quadrilha, soltando fogos de artifício, fazendo fogueiras e degustando alimentos típicos da região.
            Reza a lenda, que nestas festas, em noites de lua cheia, o boto cor-de-rosa sai do rio transformando-se em um jovem elegante e belo, beberrão e bom dançarino, muito bem vestido trajando roupas, chapéu e calçados brancos. O chapéu é utilizado para ocultar (já que a transformação não é completa) um grande orifício no alto da cabeça, feito para o boto respirar, e que o caracterizam como peixe. É graças a este fato que, durante as festividades de junho, quando aparece um rapaz usando chapéu, as pessoas lhe pedem para que ele o retire no intuito de se certificarem de que não é o boto que ali está.
            A tradição amazônica diz que o boto carrega uma espada presa ao seu cinto, mas que, no fim da madrugada, quando é chegada a hora de ele voltar ao leito do rio, é possível observar que todos seus acessórios são, na verdade, outros habitantes do rio. A espada é um poraquê (peixe-elétrico), o chapéu é uma arraia e, finalmente, o cinto e os sapatos são outros dois diferentes tipos de peixes.
            Este desconhecido e atraente rapaz conquista com facilidade a mais bela e desacompanhada jovem que cruzar seu caminho e, em seguida, dança com ela a noite toda, usando de sua grande habilidade como dançarino, logo a seduz, a guia até o fundo do rio, onde, por vezes, a engravida e a abandona antes do amanhecer, pois seu encantamento só dura durante a noite, e o galante rapaz volta a sua forma de peixe e retorna para as águas dos rios. Por conta disso, as jovens eram alertadas por mulheres mais velhas para terem cuidado com os galanteios de homens muito bonitos durante as festas, tudo pra evitar ser seduzida pelo infalível boto e a possibilidade de tornar-se, por exemplo, uma mãe solteira e, assim, virar motivo de fofocas ou zombarias.
            O boto ou Uauiara, também é conhecido por ser uma espécie de protetor das mulheres, cujas embarcações naufragam. Muitas pessoas dizem que, em tais situações, o boto aparece empurrando as mulheres para as margens do rio, a fim de evitar que elas se afoguem, as intenções disso até hoje não são muito conhecidas… Na cultura popular do norte do Brasil, essa lenda era muito usada antigamente, para justificativa das moças que apareciam grávidas enquanto solteiras, ou geravam filhos fora do casamento e não conheciam o pai. Assim, diziam que foram encantadas pelo boto, e ao nascer, as crianças recebiam o apelido de filho do boto.




Poética Artística a ser utilizada: Assemblage: 

A assemblage é uma produção artística realizada com colagens, onde reúne objetos organizados espacialmente em uma superfície. Assim, são utilizados objetos ou materiais do cotidiano, onde todos podem ser introduzidos em uma produção artística.  No mais, este trabalho apresenta a ligação entre a arte e a vida cotidiana, e representa o rompimento definitivo das fronteiras existentes entre ambas, já que houve ruptura já posta em prática no movimento dadaísta, experimentado por Marcel Duchamp, com sua produção ready-made, dentre outros artistas.
            A assemblage é baseada no princípio que todo e qualquer material pode ser incorporado a uma obra de arte, e mesmo estando ligado a novas situações, continuam com seu aspecto original, porém, com a justaposição dos elementos constituindo a obra. São inúmeros os elementos que podem ser usados nessa linguagem de expressão, como figuras, embalagens, arames, borrachas, madeira, e outros, entretanto, a colagem liberta o artista de certas limitações da superfície, ajudando-o a desenvolver e manifestar seus sentimentos e ideias que podem ser incorporados com objetos opcionais dentro da produção.
            Compreende-se que a assemblage é uma linguagem de expressão que dialoga com nosso tempo e espaço social, pois oferece combinações de elementos e formas, colhidos da natureza, assim, demonstrando o contexto social e o período em que está inserido.

Artistas que trabalham com a linguagem assemblage: 

            O brasileiro Farnese de Andrade Neto é uma das referências de artistas que trabalham com a técnica artística assemblage, usando em suas obras composições e formatos distintos, sendo criativo e transformando objetos descartados e coletados, como detritos vindo do mar, bonecos e restos de madeira em arte, etc., expressando seus sentimentos e dando significados nas suas obras.
            Farnese de Andrade trata de temas bem significantes em suas obras, como a dualidade entre a vida e a morte, outros, antagônicos como o feminino e o masculino e suas dessemelhanças. Enfim, expressando em algumas de suas obras, temas espalhados em sua própria cultura, seu cotidiano, sendo que sua vida, também é tema de seu próprio trabalho.





Temos também a artista americana Bety Irene Saar, conhecida por seus trabalhos no campo da assemblage, suas obras revelam um pouco da sua mesclada história, representando através da arte, suas lembranças íntimas, do contexto e do povo que conheceu e se relacionou, no entanto, sendo fonte de inspiração para a artista.
Seus trabalhos foram inicialmente produzidos com objetos dispostos dentro de caixas ou janelas, com itens de desenho em várias culturas, refletindo a própria herança: africana, irlandesa, nativos americanos e crioulo.
No entanto, colecionou imagens de Tom Tio, Tia Jemina, Little Black Sambo e outras figuras inalteráveis, assim, incorporando em colagens e assemblagens, com caráter em declarações e protestos político e social. Experimentou também, rituais e objetos tribais da África em suas obras, fez também, montagens pessoais e íntimas, incorporando lembranças nostálgicas de vida da sua tia-avó, onde utilizou fotos, medalhões, flores secas e muitos outros objetos que faziam parte do cotidiano da mesma, explorou ainda, a relação entre tecnologia e espiritualidade, fazendo instalações, incorporando seus interesses no misticismo e voodoo.




Referências Bibliográficas:

ENCICLOPÉDIA Itaú Cultura.
Assemblagem. Disponível em: http://www.itaucultural.org.br/aplicexternas/enciclopedia_ic/index.cfm?fuseaction=termos_texto&cd_verbete=325. Acessado em 21 de abril 2012.

 Folclore. Disponível em: http://folcloreportaldoprofessor.wordpress.com/. Acessado dia 21 de abril de 2012.

“O Folclore em Questão”, de Florestan Fernandes, pág. 05, ano 2003.
 
InfoEscola: Navegando e Aprendendo. Disponível em: http://www.infoescola.com/redacao/mito-ou-lenda/. Acessado dia 22 de abril de 2012.
 Lendas. Disponível em: http://www.suapesquisa.com/o_que_e/lenda.htm. Acessado dia 22 de abril de 2012.

Libertação de Jemima, 1972. Disponível em: http://www.cfa.arizona.edu/are476/files/saar.htm. Acessado dia 14 de maio de 2012.

 “Mater”, 1990. Disponível em: http://1.bp.blogspot.com/_rop1iRvt9y4/S4xSxHweWsI/AAAAAAAAAK0/fGCdjQDO5W0/s320/mater+net.jpg. Acessado em 13 de maio de 2012.
O que é uma lenda? Disponível em: http://www.trasosmontes.com/alexandreparafita/content/view/15/33/. Acessado dia 22 de abril de 2012.                

Revista Museu: Cultura levada a sério. Farnese de Andrade Neto- Expo e catálogo no CCBB/SP. Disponível em: http://www.revistamuseu.com.br/galeria.asp?id=5910. Acessado dia 23 de abril de 2012.